RECOMEÇO DA HISTÓRIA
Caminhando na direção contrária, reaprendendo a andar,
Chutando o destino a esmo, escoando planos desvairados,
Aprendendo que o sol brilha, mas só quando não há nuvens densas,
Alegorias deixadas no chão da avenida toda imunda,
Palavras de baixo calão, calando o usurpador de planos e ideias.
A caricatura estampada no jornal velho em cima da mesa,
Representa nossa dor que escancara o escarro da derrota,
Que publicamente veio me mostrar que a vida é uma anedota,
E que fazemos parte do mesmo circo desde que nascemos.
De trás pra frente tenho que resistir aos encantos da sereia,
Que mesmo nadando no rio poluído e fétido é capaz de envolver,
E ao ouvir o seu canto, os marinheiros de primeira viajem enlouquecem,
E se jogam nos braços oportunistas das putas que por ali vagam.
As vicissitudes da vida ordeira implantam na mente o descaso,
Reluzindo ainda mais a necessidade de partir em busca do nada,
Querendo assim antecipar o massacre das ignorâncias,
Esperando a história recomeçar.