NA ESCURIDÃO DA ESCRAVIDÃO
A escravidão é torta,
Lembra a insanidade,
A dor esta morta,
Deixando uma ambiguidade.
Quando o sol vier beijar o céu,
As estrelas estarão escondidas,
O negro se sente como um réu,
E as cicatrizes são aludidas.
A pele castigada pelo sol quente,
Abre a ferida outra vez,
A palavra mordaz passa rente,
E o olhar tortuoso demonstra altivez.
A árvore seca com o tronco forte,
Serve de martírio para o corpo negro,
Quem sonda por ali é a morte,
Que não poupa nem o espirito egro.
O sonho da igualdade,
Perde-se por séculos afora,
E a rasa e antiga mentalidade,
Já não serve de desculpa para o agora.
No quilombo a fogueira é acesa,
A noite ultrapassa o dia,
Fazendo o algoz capturar a presa,
Apagando a esperança que alumia.
