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MORTE A ÚNICA CERTEZA QUE TEMOS NA VIDA


Morte,substantivo feminino que didaticamente significa o fim da vida, mas que vida é esta que acaba quando a morte chega?

Os espiritas dizem que é o fim da vida material e o inicio da vida espiritual, os evangélicos proferem que é o fim da vida de pecados, os católicos dizem que do pó viemos e ao pó retornaremos. E a data de nossa morte, quando morreremos? Existe um dia predeterminado pra que isto aconteça? Há divergências sobre isto também algumas religiões dizem que já nascemos com o nosso destino traçado com inicio, meio e fim. Outras que a morte acontece naturalmente de acordo com nossas ações. Sabemos que a tristeza vem junto com a morte, elas vem atreladas, inseparáveis, indivisíveis e isto é uma experiência unanime, então é fácil dizermos que a morte é injusta e nefasta.

Podemos escolher como e quando morrer? Sem sairmos do enredo original de nossas vidas?

O suicídio, o homicídio e o aborto (uma variação de homicídio) em minha opinião são as três piores caras da morte, pois em todas estas “oportunidades” a morte não dá chances de defesa e isto nos trás uma grande sensação de vulnerabilidade por parte da vitima e de extrema barbaridade por parte do(s) algoz (es) e isto me causa uma repulsa natural de extrema magnitude e uma convicção que nestas situações a chance de viver fica em segundo plano, no último lugar na fila da vida.

Existe outra variação de morte que também fazia até a pouco tempo atrás parte desta minha lista acima citada, que é a eutanásia que nada mais é do que um suicídio disfarçado, uma maneira covarde de dar um basta em um sofrimento que pela minha crença não esta acontecendo por acaso. Porém minha percepção sobre esta, digamos modalidade da morte, mudou depois que li uma reportagem na Veja sobre uma nuance da eutanásia onde uma gaúcha de sessenta anos comprovadamente com um raro caso onde três tipos diferentes de cânceres no intestino a atacava e a consumia e tratamentos como quimioterapia, radioterapia pouco ou nada poderiam fazer pra a cura, sendo que o procedimento indicado seria a retirada quase total do seu intestino e devido a tal intervenção a gaúcha teria que se alimentar pelo resto da sua vida artificialmente através de sondas.Porém diante desta realidade que começava a se formar em um horizonte cada vez mais próximo e cada vez mais fúnebre, ela resolveu que além de não fazer a cirurgia ela deixaria a vida seguir normalmente o seu caminho até a morte, sem atropelos, na visão dela(e naquele momento era o que interessava) ela estava pronta para a morte, não estava desistindo apenas não queria viver de qualquer maneira e qualquer custo. Mas ao contrário que todos esperavam ela não fez nada de extravagante, não quis fazer uma viagem mirabolante por exemplo e sim procurou da melhor maneira possível um jeito de encarar esta nova modalidade de vida que era a de esperar a morte, organizou sua vida da melhor maneira para que sua “falta” fosse sentida o mais natural possível e com isto se matriculou em um curso em que o mote principal era a dor da perda de pessoas próximas, no caso em questão a sua própria morte. Não se acovardou perante iminente partida, revistou antigos erros, revirou antigas vontades e se deu o luxo de viver dignamente enquanto vorazmente a morte de espreita a esperava para juntas seguirem um plano maior.

As experiências nossas ou de pessoas que conhecemos ou de fatos reais que ficamos sabendo de algum jeito fazem parte de nossas decisões, de acordo com minha crença religiosa e como já citei, eutanásia nada mais é que um suicídio mascarado, já que a desistência da vida não é um luxo que cabe a nenhum de nós e sim apenas e somente a Deus que a criou com um propósito.

Mas como ficar insensível, com que propriedades iriamos julgar uma história destas onde uma mulher decide morrer vivendo da melhor maneira possível, sem agredir ninguém, respeitando todas as pessoas queridas ao seu redor e tendo a certeza de que esta era seria a melhor maneira de conviver com uma dor ainda insuportável diante da atual realidade biológica de nós seres humanos.

A cada minuto a morte nos trás exemplos, diversos deles, exemplos de barbaridades, de superação e até mesmo de solução, assim ela se faz sempre presente na vida de todos nós.

A morte é sem dúvida utopicamente dizendo, a maior e talvez a única certeza que traremos junto com nosso nascimento.

That’s all Folks


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