top of page

VINGANÇA DE UM QUALQUER


Ainda era manhã, manhã de domingo, O sol brilhava no horizonte, José da Paz saiu para trabalhar, Não podia parar, não podia descansar, Tinha família para sustentar. Voltava quando a primeira estrela brilhava no céu, Em casa se sentia como um réu, A espera da condenação.

José era jovem, tinha trinta e seis, Foi pai muito cedo, Seu filho tinha dezesseis. Da morte ele não tinha muito medo, Mas para seu filho ela não estava longe.

As drogas tiveram sua vez, Da Paz estava displicente, Sob a influência de amigos, Seu filho começara a se drogar, Começou com a erva, E não conseguiu mais parar.

Boatos chegaram aos ouvidos de José , Então desesperado, disse para seu filho: - A vida é sua, por isto vá para a rua, Talvez esta não fosse a melhor solução, Mas com uma dor no coração, Da Paz o expulsou do barracão. Não tinha completado dois meses, Quando surgiu a notícia da morte, Foi como um corte, Seu filho morrera em um tiroteio com a policia. Mas não era a polícia a culpada, E com os culpados ele foi ter.

Da Paz chegou na cidade maravilhosa, Ficou pasmo com a altura do prédio, Sua vingança agora não tinha mais remédio. Não existia mais amor, era só dor. Tinha primos perto do tal mar, Seu desejo era só vingança, Era matar, acabar com toda esperança. Mas ele não conseguiu informação para começar, E a cidade era tão grande. Talvez desistir fosse a melhor solução, Mas o arrependimento seria maior, Que qualquer imagem na televisão, Que qualquer foto no jornal Povão.

Mas os dias passavam , Já era verão, O sol brilhava forte, A dor abria o corte. Mas no canto de um sujo bar, Em um lugar perto do mar, Da paz ouviu uma conversa, Era entre três sujeitos, De repente o destino deu uma finta, O assunto era sobre o tiroteio do último dia trinta, Ele sorriu feito criança, Agora era só esperança, Os três tiveram participação direta, José da Paz ofereceu uma rodada de pinga, Sedentos aceitaram se pestanejar, Conseguiu uma valiosa informação, O nome e o local onde morava o chefão.

O chefão um tal de Manelão, Era quem mandava em toda região. José foi pro tudo ou nada, Pensou em falar direto com o chefão linha dura, Com a desculpa de ter dois quilos de cocaína pura. Mas não foi fácil falar, Do primeiro barraco não conseguiu passar, Os capangas tinham ordens de atirar para matar, Então o jeito foi esperar, Gritou que queria falar com o Manelão, Em sua voz determinação, Relatou com firmeza e decisão, A desculpa foi aceita, Combinaram então o local da transação, Seria daqui a duas semanas com precisão, Cocaína só miragem, Só teria José e coragem.

Acabaram-se as duas semanas, O dia estava calmo, O sol escondia-se atrás das nuvens, Ele estava salvo. Estava uma chuva por detrás, Que molhava os ombros de Da Paz. Fazia duas horas de espera, José estava uma fera, Ele, seu 38 e um facão.

Manelão apareceu na esquina, Lembranças de uma menina, Com ele dois capangas a mais, E em sua frente um homem determinado, Chamado José da Paz,

José prendeu a respiração, Sacou do 38, E atirou com precisão, Aquilo não era esperado, Por isto pegou os três despreparados, A primeira bala teve endereço certo, A outra se perdeu no ar.

Um tiroteio de peito aberto começou, E o segundo capanga tombou. Manelão ficou estatizado, Quando viu Da Paz parado, Com ele na mira, Por perto nenhum tira, O gatilho foi puxado, Mas a bala não saiu, o tambor estava vazio, José não estava mais armado.

Manelão aproveitou e sacou de sua arma, E disparou dois tiros, Pois é, Todos dois acertaram em José, Que lembrou do filho no caixão, Da fazenda , do passado, E mesmo arrasado, Pulou para cima daquele canastrão, Desferindo vários golpes com seu facão.

Os sangues dos dois se misturaram, A polícia chegou, Mais um dia normal, Eram deles os méritos, Medalhas e coisa e tal.

Tinham se livrado de um perigoso traficante, Seria a paz de hoje em diante. Mais um herói anônimo, Mais um pai de família, A vingança foi cumprida, A vingança de um qualquer.


Destaque
Tags
Nenhum tag.
bottom of page