A HISTÓRIA DE UM VELHO AMIGO MEU
Sentado na esquina esta o homem de casaco de couro,
Ele fuma seu cigarro de palha e pensa sobre tudo,
Lê seu próprio pensamento e se assusta um pouco,
Então levanta e cambaleando encosta no muro,
De seu olhar brota a experiência adquirida pelas noites mal dormidas,
Aquele cheiro de álcool entorpece sua mente,
Seu sorriso esclarece que é só mais uma manhã requentada,
Enquanto a cabeça gira e gira displicentemente.
O sol o faz enxergar através de lentes escuras,
Sua concepção sobre o mundo está confusa,
E devagar e sem pressa ele convive com suas agruras,
Duelando sempre com o invisível desta sociedade obtusa.
Seu calvário não esta exposto em redes sociais,
E seu entendimento vai além de livros e teorias,
Ele os tem dentro da velha cabeça escondidos entre ideias essenciais,
Travestindo os olhares e desnudando as hipocrisias.
A noite retorna e então o homem renasce na escuridão,
Ajeita os sonhos na capanga, acende uma alegria ilusória,
Tira o pó do casaco de couro e abraça de novo a solidão,
E com a mente entorpecida escreve lentamente o livro de sua história.