QUANDO O CÉU NÃO QUER ESPERAR
Hoje eu cheguei mais cedo e o portão estava aberto, Foi você quem deixou? Ou invadiram nossa casa de novo? Meu paletó não está mais no chão, Nele só tem uma poça d’água, E nela há o reflexo de um arco-íris esquecido. Preste atenção, no que você enxerga à frente, Há dias que eu quero te mostrar aquela luz, Parece que é um sinal, Mas ela vem sempre seguida de um estrondo, Não é trovão, parece a batida de um coração, E ele não está sozinho, o do meu alter ego esta junto. Quero me achar entre seus segredos, Preciso conhecer mais de teatro,
Para entender sua performance, Ter minha própria razão. Vamos ao encontro da fogueira de nossas vaidades, Pisar pela última vez nas rosas que se espalharam, Elas estavam na árvore à direita do farol, Que ilumina as rochas onde as ondas quebram, Elas destroçaram a embarcação que vinha a estibordo, Trazendo as ilusões das mulheres que ficaram no continente, Se iludindo com promessas incertas feitas na partida. Tenho pesadelos misturados, Parece uma tristeza questionável, Ás vezes disfarçada de uma alegria irremediável, E quando menos acontece, eu espero a explosão, Os estilhaços acertaram meu corpo todo, Me feri inteiro e sem olhar para trás, Cheio de mágoas e cicatrizes, Eu abri o portão e fui embora pra sempre.