COMO AS CANÇÕES DE BOB DYLAN
Novamente eu vejo estranhos à noite, Eles perambulam por aí procurando o que fazer, Jogam cartas e sugerem algo pra entreter, É como uma ciranda, bebem até cair, Depois levantam pra beber mais e mais. A garçonete dá um trago no cigarro antes de servir o martini, Enquanto o cara em um canto do bar, iludi como Houdini, Traz esperança pra depois da noite de sussurros e lágrimas, Celebrando com um copo de uísque o fim das lástimas. É o início da esperança emperrada na soleira da porta, Onde já entraram criaturas diferentes, Da madame exalando Chanel, ao ébrio fedendo álcool, Do mendigo pedindo esmola, ao jovem pequeno burguês. A Lua mais uma vez trouxe a realidade soturna, E empurrou para o canto do quarto escuro, O corpo do homem em cima de uma mulher, A vontade dela era fugir, mas a necessidade a fez continuar, E ela continuou a noite toda e ele foi embora só quando amanheceu, O vento era forte e a fumaça do seu cigarro, Entranhava em quase todo o caminho de volta. A vontade era sorrir mas a coragem sempre o impediu, E enquanto ele em silêncio, deixava transparecer uma oração, O que anunciava além da vontade e além da visão , Era uma incerteza certa que o fim ainda não chegara, Ele estava a dois passos do instante exato em que tudo começou
31/03/16